O trabalho da Prefeitura de Manaus para o desenvolvimento e implementação de soluções no fortalecimento da prevenção da tuberculose foi reconhecido pelo Ministério da Saúde (MS), selecionado junto com outras nove experiências exitosas realizadas no Brasil.
A seleção ocorreu em uma chamada pública realizada por meio da Coordenação-Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas, do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (CGTM/Dathi/SVSA/MS). O objetivo foi o Mapeamento de Experiências Exitosas na Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB) e Oferta do Tratamento Preventivo da Tuberculose (TPT), executadas em municípios e estados brasileiros.
O trabalho de Manaus foi inscrito na chamada pública por técnicos do Núcleo de Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), com o título “Superando barreiras na prevenção da tuberculose: desenvolvimento e implementação de soluções para o fortalecimento da prevenção da tuberculose em Manaus”.
A chefe do Núcleo de Tuberculose da Semsa, enfermeira Eunice Jácome, conta que as dez experiências selecionadas serão apresentadas no evento em formato virtual, no ano de 2026, e farão parte de uma publicação, ambos organizados pela CGTM/SVSA/MS.
“A seleção do trabalho realizado na rede municipal de saúde de Manaus reconhece os avanços que foram feitos nos últimos anos no tratamento preventivo da doença direcionado para pessoas diagnosticadas com a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis, mas que não apresentam ainda a tuberculose ativa”, explica Eunice Jácome.
O tratamento preventivo da tuberculose é recomendado após a realização do teste tuberculínico ou PPD (derivado proteico purificado), que detecta a infecção pelo bacilo que causa doença, e está disponível em 55 unidades de saúde da Prefeitura de Manaus.
Em 2023, o município de Manaus contava com apenas 16 unidades de saúde disponibilizando o exame, com a Semsa seguindo com o planejamento de ampliar e facilitar o acesso da população ao serviço a cada ano.
O teste é indicado principalmente para pessoas que convivem com alguém com tuberculose ativa, de forma íntima e prolongada, além de pessoas que vivem com HIV/Aids ou outras condições que afetam a imunidade. Também deve ser realizado para avaliação do paciente antes de iniciar uso de medicamentos que afetam a imunidade.
Em 2024, a Semsa conseguiu registrar 2.250 tratamentos preventivos, sendo que nesse mesmo ano foram realizados 8.968 exames de teste tuberculínico. Já neste ano, de janeiro a julho, foram realizados 6.243 exames para identificar a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis.
“O teste tuberculínico é fundamental por ser uma estratégia para interromper a cadeia de transmissão da tuberculose, já que permite o início do tratamento preventivo, evitando a ocorrência da tuberculose ativa. A estimativa é que uma pessoa com tuberculose ativa, sem tratamento, pode infectar dez outras pessoas durante o período de um ano”, alerta Eunice.
O tratamento preventivo da tuberculose dura três meses, com medicamentos administrados em dose semanal. No caso de tuberculose ativa, o tratamento dura pelo menos seis meses.
Menção Honrosa
O Ministério da Saúde também conferiu Menção Honrosa à experiência desenvolvida pelo Serviço de Assistência Especializada (SAE), que funciona na Unidade de Saúde da Família (USF) Ajuricaba, bairro Alvorada, na zona Centro-Oeste de Manaus, pela atuação na prevenção à tuberculose no atendimento às pessoas vivendo com HIV/Aids.
Com o título “Um modelo de ampliação do acesso ao tratamento preventivo da tuberculose em Pessoas Vivendo com HIV/Aids: o papel da equipe multiprofissional promovendo a adesão à estratégia, desde a avaliação inicial, até a prescrição e a finalização do Tratamento Preventivo da Tuberculose (TPT)”, a experiência foi desenvolvida com o apoio da AHF (AIDS Healthcare Foundation) Brasil.
De acordo com documento recebido do Ministério da Saúde, a Menção Honrosa foi concedida considerando o notável compromisso e relevante contribuição para o fortalecimento das ações de vigilância, prevenção e cuidado no controle da tuberculose, em uma iniciativa que se destaca por uma abordagem inovadora da ILTB e pela ampliação da oferta do TPT, além de demonstrar potencial de replicabilidade e impactos positivos na saúde pública brasileira.
O trabalho foi submetido junto à seleção do Ministério da Saúde por meio da enfermeira Nathalie da Silva Belmont, que atua no SAE Ajuricaba, e da enfermeira Ryana de Siuza Aparício Pontes e a farmacêutica Patrícia Ana da Silva, representantes da AHF Brasil.
Conforme explica Nathalie Belmont, o relato de experiência exitosa retrata a atuação da equipe multiprofissional do SAE, com ênfase na atuação de enfermeiros e farmacêutico, na implementação de um modelo de cuidado integral para ampliar o acesso ao Tratamento Preventivo de Tuberculose em Pessoas Vivendo com HIV/Aids, considerando que a tuberculose é uma das principais causas de óbito entre esse grupo de pacientes.
“A equipe multiprofissional reorganizou fluxos, fortaleceu o papel do enfermeiro na avaliação clínica, solicitação de exames, prescrição do tratamento de ILTB e o monitoramento sistemático desses pacientes. Além do papel do farmacêutico no monitoramento e consulta clínica que foi fundamental para fortalecer a adesão ao tratamento. Com essa abordagem, 297 pessoas iniciaram o tratamento preventivo entre janeiro de 2023 e setembro deste ano. No período analisado, a taxa de adesão foi de 94%”, informa Nathalie Belmont.
Tuberculose
Doença infecciosa e transmissível, a tuberculose é causada pela micobactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta prioritariamente os pulmões. O principal sintoma é a tosse e por isso a recomendação é para que pessoas com tosse por duas semanas ou mais sejam examinadas. Outros sintomas são febre vespertina, sudorese (suor) noturna; e emagrecimento.
Este ano, Manaus já registrou 2.826 casos novos de tuberculose ativa. Em 2024, foram notificados 3.128 casos novos no município.
A transmissão da doença ocorre quando, ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos, podendo transmitir a doença para outras pessoas.
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Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
Fotos – Divulgação/Semsa