A Doença de Alzheimer é o tema do ciclo de atividade de educação permanente que a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou nesta sexta-feira, 12/9. A ação aconteceu no auditório do Distrito de Saúde (Disa) Oeste, conjunto Santos Dumont, bairro da Paz (zona Oeste), direcionada para 25 profissionais que atuam em unidades de saúde na zona rural da cidade.
A chefe do Núcleo de Atenção à Saúde do Idoso da Semsa, Eliny Rocha, explicou que o ciclo de atividades prevê a realização de cinco rodas de conversa com profissionais dos Distritos de Saúde (Norte, Sul, Leste, Oeste e rural), abordando a Doença de Alzheimer, que é a forma mais comum de demência.
O trabalho, que será finalizado no dia 26 de setembro, tem a parceria da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (Funati), da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz – Regional Amazonas) e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG – Regional Amazonas).
“O objetivo da atividade é promover o diálogo, partilhar o conhecimento e cuidado aos idosos atendidos na Atenção Primária à Saúde (APS), no município de Manaus. Os profissionais irão receber orientações para conhecer melhor a doença, o diagnóstico diferencial, tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Também haverá um diálogo com representantes da Abraz, entidade que oferece apoio para familiares e cuidadores”, informou Eliny Rocha.
Mesmo com o paciente com a Doença de Alzheimer acompanhado na média e alta complexidade, Eliny Rocha destacou que APS tem papel fundamental na identificação precoce de sinais e sintomas da doença e também nas ações de prevenção, no estímulo aos fatores de proteção e no controle dos fatores de risco para a demência.
“A Semsa trabalha com uma ferramenta de avaliação multidimensional de idosos com 60 anos ou mais, com identificação do índice de vulnerabilidade clínico funcional, incluído no Prontuário Eletrônico. Essa ferramenta permite identificar se a saúde do idoso apresentou alteração, como na visão, na audição e de marcha. Dependendo do resultado, o profissional da Semsa pode encaminhar para avaliação por especialista para obter um diagnóstico”, informou Eliny.
Além dessa avaliação, segundo Eliny Rocha, os profissionais da APS podem identificar os fatores de risco entre as famílias e orientar para os fatores de proteção. “O Alzheimer é uma doença do envelhecimento, o que não significa que todos terão demência. Mas alguns fatores contribuem, como a hipertensão e diabetes descontrolado. Os profissionais da Semsa já realizam o trabalho de orientação sobre a prevenção a essas doenças e a prática de hábitos saudáveis que contribuem na proteção à saúde dos idosos”, afirmou Eliny.
Alzheimer
A Doença do Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo que acomete, principalmente, idosos, avança de forma progressiva, não tem cura e se manifesta em sintomas como alteração da memória, alteração de comportamento e deterioração cognitiva.
Os fatores de proteção para a demência envolvem questões como: sono de qualidade; cuidado com a saúde física e mental; manter vida social ativa e conviver com os amigos; alimentação saudável; controle da hipertensão e diabetes; manter peso saudável; evitar uso do cigarro; cuidado com a visão e audição; e controle do colesterol LDL.
Os fatores de risco incluem: perda auditiva; baixo nível educacional; tabagismo; obesidade; depressão; falta de atividade física; consumo excessivo de álcool; lesões graves na cabeça; hipertensão; diabetes; poluição do ar; isolamento social; colesterol elevado e perda de visão.
Durante a roda de conversa direcionada para os profissionais do Disa rural, a médica Tamyres Bindá Cidade, especialista em Saúde do Idoso, realizou uma apresentação sobre Alzheimer e outras demências.
A médica explicou que há um fator genético e pessoas que têm familiares com a doença têm mais chance de desenvolver o Alzheimer, mas que fatores como a prática de atividade física, alimentação saudável e ter a chamada reserva cognitiva são determinantes de proteção.
“Isso significa realizar atividades que estimulem o cérebro, fazer novas atividades, ler, aprender coisas novas. Por ser idoso, com a aposentadoria, é importante que não fique só em casa assistindo à televisão. É um momento que ele pode aprender uma nova língua, tocar um instrumento musical, aprender nova técnica de crochê, jardinagem, viajar sozinho ou em grupos, e também deve evitar o isolamento. Tudo isso ajuda a estimular a manter o cérebro ativo e criando novas conexões”, afirmou Tamyres Cidade.
A médica lembrou, ainda, que não há cura para o Alzheimer, mas que há tratamento com medicamentos que podem ajudar a controlar os sintomas e retardar a progressão da doença, principalmente quando o diagnóstico ocorre de forma precoce.
“Quando o diagnóstico é tardio, a medicação tem muito pouco a ajudar. Mas se identificada precocemente, é possível ter uma qualidade de vida melhor”, afirmou Tamyres Cidade.
A vice-presidente da Abraz – Regional Amazonas, Leidina Lima, também participou da roda de conversa com os profissionais da Semsa informando sobre o papel da entidade, que é formada por profissionais de saúde e outras áreas, familiares de pessoas com Doença de Alzheimer e cuidadores.
“A Abraz é uma entidade sem fins lucrativos que atende familiares e cuidadores de pacientes com Alzheimer, reunindo com grupos fixos e itinerantes nas comunidades, oferecendo apoio e informação sobre a doença em seus aspectos sociais, cuidados em saúde e aspectos previdenciários e os direitos”, informou Leidina Lima.
O calendário das atividades de Educação Permanente terá continuidade na quarta-feira, 17/9, com profissionais do Disa Sul, seguindo a programação do Disa Norte (18/9), Oeste (19/9) e Leste (26/9).
A psicóloga Karla Lima, técnica que coordenou a atividade no Disa rural, explicou que a programação foi direcionada para as nove unidades de saúde da zona rural (terrestre e fluvial), reunindo 25 profissionais, entre médicos, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais.
De acordo com a técnica, a ação de educação permanente é essencial para qualificar os profissionais sobre o Alzheimer, os sinais de alerta, os fatores de proteção no cuidado com os idosos e na orientação da família e cuidadores, que também são afetados com a evolução da doença.
“O quantitativo de pessoas acima de 60 anos com doença de Alzheimer tem crescido a cada ano. Nós identificamos possíveis casos a partir do atendimento domiciliar da equipe de saúde, com o rastreio clínico funcional do idoso e que pode apontar as alterações com sinais sugestivos da doença. Os profissionais da APS encaminham para o nível especializado e faz o acompanhamento da situação de saúde”, informou a psicóloga.
— — —
Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
Foto – Divulgação/Semsa
