Bolsonarismo fala para cada vez menos pessoas. Protestos desnudam crise
Os bolsonaristas estão falando para cada vez menos pessoas e se mantêm presos à própria bolha. A defesa das sanções econômicas do governo Trump ao Brasil, fomentadas pelo próprio filho do ex-presidente Bolsonaro, o deputado federal Eduardo, ampliou esse descolamento do movimento da direita. Essa crise de identidade tem sido expressada nas reduzidas manifestações e nas recentes pesquisas de opinião pública. Neste domingo, os protestos pelo Fora Lula, Fora Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal) reuniram, segundo a Polícia Militar, 5 mil pessoas em frente ao anfiteatro da Ponta Negra, em Manaus. Tinha mais gente na praia ao lado do que na manifestação. Na Avenida Paulista, em São Paulo, marco dos protestos nacionais, 37,6 mil pessoas, número muito aquém das centenas de milhares de outros tempos. Bolsonaro não participou, nos fins de semana deve ficar em casa. Essa foi uma das medidas impostas pela Justiça para evitar eventual fuga dele do País para não responder à ação penal por tentativa de golpe de Estado. Pesquisa Datafolha revelou que 55% aprovam o monitoramento de Bolsonaro por tornozeleira eletrônica.
Ao microfone: xingamentos, discursos vazios, ataque à geografia
Em cima do trio elétrico da manifestação na Ponta Negra pró-Bolsonaro, as principais lideranças políticas da direita do Amazonas. Nos discursos, a falta de conteúdo generalizada, em especial por parte do deputado federal Capitão Alberto Neto. “Sou patriota, amo meu País, o governo Lula está levando o nosso Brasil para ditaduras”, disse ele repetidas vezes e não muito mais que isso. O vereador de Manaus Sargento Salazar, gigante na quantidade de seguidores nas redes sociais, foi raso e ofensivo no trato. Para inflamar os bolsonaristas mais radicais na platéia, chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de “cabeça de ovo” e “leproso”. E a professora Maria do Carmo, pré-candidata à governadora do Amazonas, escorregou na geografia. Afirmou que do alto do trio elétrico ela tinha uma vista linda, porque ela via o Rio Amazonas. O rio que banha a capital amazonense é o Negro.
Parlamentares retornam aos plenários. População espera mais que embates
Semana de retomada dos trabalhos legislativos. A Câmara de Vereadores de Manaus volta com as discussões no plenário nesta segunda-feira (4/8) e a Assembleia Legislativa e o Congresso Nacional fazem o mesmo amanhã. Além das Leis Orçamentárias Anuais (LOAs), que devem ser debatidas e votadas até o fim de ano, a expectativa é que as casas legislativas se voltem às proposituras que enfrentam os problemas do dia a dia da população. No primeiro semestre, Câmara e Assembleia ganharam destaque no noticiário pelo bate-boca e defesa de projetos de lei orientados por pautas de comportamento e de cunho ideológico-religioso. E da oposição, a população espera mais que críticas e denúncias, na maioria das vezes vazias. Os gordos salários e privilégios pagos pelo contribuinte devem servir para além de interesses pessoais, de grupos ou dos embates políticos.
Wilson e Maria do Carmo passam fim de semana com agendas no interior
Fim de semana de agenda cheia no interior do Estado para o governador Wilson Lima, que ensaia disputar vaga ao Senado em 2026; e para a pré-candidata ao cargo hoje ocupado por Wilson, a empresária Maria do Carmo Seffair. Wilson esteve em Coari, a terra do petróleo e do gás natural. Ele reservou para este fim de semana, quando o município completou aniversário de 93 anos, a inauguração do Serviço de Apoio à Mulher, Idoso e Criança; salas de telessaúde; além de destinar R$ 2,5 milhões para ações sociais e ao setor primário. Maria do Carmo passou o fim de semana em agendas no Sul do Amazonas, em Humaitá e Apuí, municípios com forte produção agrícola. E por esse perfil mais agro, a região também tem grande adesão ao bolsonarismo. Maria do Carmo é pré-candidata pelo PL, com apoio já declarado de Bolsonaro, presidente de honra do partido.
Serafim diz que disputará as eleições de 2026. Será para ajudar o filho?
Após não se reeleger deputado estadual em 2022, o atual secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Serafim Correa, anunciou que vai disputar as eleições de 2026, possivelmente concorrendo a uma vaga de deputado federal. Em 2022, o experiente político obteve pouco mais de 23 mil votos, mais até do que deputados eleitos, mas amargou a derrota. Na ocasião, frustrado com o resultado, ele anunciou que estaria se aposentando da política eletiva, mas logo em seguida assumiu o cargo no primeiro escalão no Estado. Serafim é presidente do PSB no Amazonas e as candidaturas do filho sempre foram prioridade do partido. A candidatura no próximo ano seria para ajudar o filho, o vereador de Manaus Marcelo Serafim voltar à Brasília? Marcelo se elegeu federal quando o pai foi prefeito de Manaus (2005 – 2009), mas não conseguiu renovar o mandato. Se elegeu vereador da capital amazonense, mas nunca escondeu o desejo de voltar à Câmara dos Deputados.
No auge da pandemia, vice denunciou o que Abin agora confirma
No auge da pandemia da Covid-19, em 2021, logo após a crise do oxigênio, o então vice-governador do Amazonas, o defensor público Carlos Almeida Filho denunciou que Manaus estava sendo feita de laboratório para a aplicação da teoria da imunidade de rebanho sem a preocupação com quantos poderiam morrem. Semana passada, documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) comprovaram o plano maquiavélico do governo Bolsonaro na pandemia e que inclusive foi alertado com meses de antecedência de que poderia faltar oxigênio nos hospitais da capital amazonense. O ex-presidente defendeu o chamado tratamento precoce, baseado na ineficaz cloroquina, sem se importar com a proliferação do vírus, inclusive nas variações mais letais. Na lógica de Bolsonaro, quanto mais pessoas se contaminassem, mais anticorpos seriam produzidos naturalmente. A questão é que milhares de pessoas não resistiram à doença e morreram. Mais de 15 mil no Amazonas e mais de 700 mil no Brasil.
QUE TAL?
EUA registram menos emprego e Trump demite responsável por estatística
O Departamento do Trabalho do Governo dos Estados Unidos anunciou redução na quantidade de empregos criados em julho em relação ao que havia sido previsto, reforçando os temores dos analistas sobre a desaceleração da economia. O presidente Donald Trump resolveu o problema ao modo dele: demitiu Erika McEntarfer, responsável pelo órgão que gera as estatísticas. Sem apresentar provas, Trump acusou McEntarfer de manipular os dados com fins políticos. Ela havia sido confirmada para o cargo por ampla maioria no Senado norte-americano, em janeiro de 2024, para um mandato de quatro anos à frente do Bureau of Labor Statistics (BLS).
TRAMA GOLPISTA
Justiça italiana mantém Carla Zambelli em presídio superlotado
Após audiência de custódia, a Justiça italiano decidiu que a deputada bolsonarista condenada Carla Zambelli permanecerá presa até o fim do processo com pedido de extradição feito pelo Supremo Tribunal federal (STF). Zambelli foi presa semana passada após ser localizada pelo adido da Polícia Federal em Roma, o delegado amazonense Umberto Ramos, irmão do ex-deputado federal Marcelo Ramos. A deputada está presa na maior penitenciária feminina da Itália, a Rebibbia. No Brasil, os bolsonaristas debochavam das condições dos presídios. Agora que muito foram presos por participação noa atentados à sede dos Três Poderes, no 8 de Janeiro de 2023, reclamam direitos humanos. No presídio onde Zambellli está, denúncias de superlotação e até mesmo falta de atendimento médico às detentas. A defesa de Zambelli ainda não fez nenhuma reclamação pública a respeito.
FRASE DO DIA
AMIR ZAPOT, PALESTINO
A fome levou as pessoas a se voltarem umas contra as outras. As pessoas lutam com facas”
(Sobre a voraz disputa por alimentos na Faixa de Gaza, há quase dois anos (22 meses) sendo bombardeada por Israel)