Com o tema “Pacto Econômico com a Amazônia frente às mudanças climáticas: rumo à COP30”, o 13° Encontro de Entidades de Economistas da Amazônia Legal (Enam) foi realizado em Manaus entre os dias 20 e 22 de agosto de 2025, consolidando-se como um dos principais fóruns de debate sobre o desenvolvimento regional sustentável da Amazônia. O encontro reuniu representantes dos Conselhos Regionais de Economia, pesquisadores, gestores públicos e lideranças institucionais, reafirmando o papel estratégico dos economistas na construção de caminhos para o futuro da região.

Carta dos Economistas da Amazônia
O principal resultado do evento foi a elaboração da Carta dos Economistas da Amazônia para a COP30, documento construído coletivamente pelo Corecon-AM/RR em parceria com os Corecons do Pará/Amapá, Tocantins, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso, com apoio do Conselho Federal de Economia (Cofecon).
A Carta reúne recomendações e posicionamentos técnicos, políticos e socioeconômicos sobre o legado que a COP30 deve deixar para a Amazônia. Antes de ser entregue à sociedade e aos organizadores da Conferência — conhecida como a COP da Floresta — o texto passará por avaliação dos presidentes de todos os Corecons do Brasil e pela presidência do Cofecon, em um processo de validação nacional.
Entre os principais pontos da Carta, destacam-se:
- Fortalecimento de parcerias entre governos, setor privado, universidades e centros de pesquisa para um modelo de desenvolvimento endógeno e sustentável;
- Bioeconomia e economia verde, como oportunidades de geração de renda a partir da floresta em pé, valorizando extrativismo sustentável, cosméticos e fármacos com insumos amazônicos;
- Mercado de carbono e royalties ambientais, como formas de compensação financeira para países que preservam florestas e ecossistemas;
- Zoneamento Econômico-Ecológico como instrumento estratégico para uso e proteção do solo, conciliando áreas indígenas, ambientais e produtivas;
- Ciência, tecnologia e inovação, incluindo o uso da Inteligência Artificial para monitorar desmatamento, gerir recursos naturais e apoiar a agricultura sustentável;
- Infraestrutura e telecomunicações como base para reduzir desigualdades regionais e ampliar integração;
- Políticas públicas sociais voltadas para saneamento, saúde, educação e inclusão, combatendo as profundas desigualdades socioeconômicas da região;
- ESG e cadeias produtivas amazônicas como diferencial estratégico de competitividade global.
Relevância da COP30
A Carta ressalta que a COP30 em Belém representa oportunidade única para o Brasil reafirmar sua liderança global nas negociações climáticas, apresentando avanços em energias renováveis, agricultura de baixo carbono e conservação da floresta. Também aponta que um dos maiores legados deve ser a conscientização de que a floresta em pé tem mais valor do que a devastada, exigindo ações concretas de preservação e desenvolvimento sustentável.
O economista Kleber Mourão, presidente do Corecon-PA/AP, destacou que o documento busca alinhar desenvolvimento com preservação, sem abrir mão da geração de riqueza e emprego na Amazônia. “Tem que gerar prosperidade para todo mundo, esse é o consenso. Todos aceitam isso: que tem que preservar, mas tem que desenvolver. A pergunta agora é: como fazer isso? Esse é um dos pontos dessa carta, avançar no discurso político para entender como que precisa ser feito”, afirmou.

Já o conselheiro federal Antônio Lacerda, do Cofecon, ressaltou o atual momento econômico brasileiro como favorável para avançar em uma agenda de sustentabilidade. “A economia brasileira vive um excelente momento. Terceiro ano de crescimento econômico, com recuperação de investimentos. Temos reformas estruturais em andamento, como a tributária, o plano de transição energética e o Novo PAC”, disse, ressaltando também o programa Nova Indústria Brasil (NIB) como estratégico para a retomada dos investimentos industriais.
Para a presidenta do Corecon-AM/RR, Michele Aracaty, o XIII Enam simboliza o protagonismo dos economistas amazônicos em um debate global. “Os desafios da Amazônia são do tamanho da própria Amazônia. O Enam mostra que temos a responsabilidade de pensar soluções integradas, sustentáveis e que coloquem a população amazônica no centro das decisões”, concluiu.
Trajetória do Enam
Criado em 2006, em Manaus, o Enam chega à sua 13ª edição consolidado como espaço de integração entre os Corecons da Amazônia Legal e de proposição de políticas públicas alinhadas às potencialidades e complexidades regionais. Na edição anterior, em 2021, o encontro produziu uma carta à sociedade destacando sustentabilidade, bioeconomia e vulnerabilidades socioeconômicas, reforçando o protagonismo dos economistas no debate sobre o desenvolvimento amazônico.
Agora, em 2025, o XIII Enam amplia esse compromisso ao projetar a voz dos economistas da Amazônia para o cenário internacional, em um momento decisivo de preparação para a COP30.